Descrição para cegos: Cantora acompanhada de banda se apresentando em um bar. Foto: Reprodução/Facebook. |
Por
Pedro Victor Beija
Para o senso comum, inexplicavelmente, há profissões dignas
de respeito e há aqueles que tem que ouvir sempre o clássico “isso não é
profissão”. Um caso comum pra quem vive de música no Brasil, lidar com esse
tipo de pensamento, bastante comum no linguajar popular.
Ser músico no Brasil, é um verdadeiro desafio. As leis ainda
não são tão bem definidas, o debate segue em pauta na comunidade jurídica, e
uma das questões principais levantadas versa sobre a dificuldade de separar o
amador e o profissional, o hobby e o ofício. As “outras” profissões exigem
formação específica em nível superior, ou nível técnico especializado. A
música, em várias universidades, oferecem apenas cursos de licenciatura.
E é nesse ponto onde a música entra em um dilema envolvendo a
profissão. Após a faculdade, ao se formar no curso de licenciatura em música, o
formado vira um professor de música, consequentemente, exerce outra profissão.
E volta o questionamento, agora em outro ponto mais à frente: com a
regulamentação, ele exerceria duas profissões diferentes?
À medida que o debate flui, o músico segue em sua batalha.
Diferente dos que prosperam – uma pequena parcela - e ganham seus milhões, há outros milhares,
espalhados pelos bares e ruas do Brasil. Sendo pagos das mais diversas formas,
lidando com a crueldade de um mercado incerto. Portas se fecham sem pena alguma
na primeira dificuldade, ou no primeiro pedido de melhoria.
Além disso tudo, ainda ter que lidar com o preconceito de
parte da sociedade soa ainda mais cruel. O fato de não ter uma profissão não
regulamentada completamente, faz com que o senso comum apele para a
desvalorização da categoria. O músico comum, é tratado muitas vezes como um
“animador” e que seu trabalho é apenas aquele, e seu pagamento é a
“visibilidade”. E se alguém paga pouco pra você, e não lhe agrada, tem outro pra
tocar por menos que isso.
Não interessa tanto o lugar para o músico comum, ele só
precisa ganhar o dinheiro dele. Ele chega no local mais cedo, monta a estrutura
com os equipamentos dele, se prepara, faz seu show, toca seu repertório, e
volta pra casa com o pouco apurado da noite. O sonho de ser um artista
reconhecido, de conseguir viver bem fazendo o que gosta, fica no passado. Resta
a ele esperar mais uma semana e repetir esse ciclo, e seguir passando por cima
das incertezas e do preconceito.
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