sábado, 10 de novembro de 2018

A dura realidade do músico no Brasil

Descrição para cegos: Cantora acompanhada de banda se apresentando em um bar. Foto: Reprodução/Facebook.

Por Pedro Victor Beija

        Para o senso comum, inexplicavelmente, há profissões dignas de respeito e há aqueles que tem que ouvir sempre o clássico “isso não é profissão”. Um caso comum pra quem vive de música no Brasil, lidar com esse tipo de pensamento, bastante comum no linguajar popular.
        Ser músico no Brasil, é um verdadeiro desafio. As leis ainda não são tão bem definidas, o debate segue em pauta na comunidade jurídica, e uma das questões principais levantadas versa sobre a dificuldade de separar o amador e o profissional, o hobby e o ofício. As “outras” profissões exigem formação específica em nível superior, ou nível técnico especializado. A música, em várias universidades, oferecem apenas cursos de licenciatura.
        E é nesse ponto onde a música entra em um dilema envolvendo a profissão. Após a faculdade, ao se formar no curso de licenciatura em música, o formado vira um professor de música, consequentemente, exerce outra profissão. E volta o questionamento, agora em outro ponto mais à frente: com a regulamentação, ele exerceria duas profissões diferentes?
        À medida que o debate flui, o músico segue em sua batalha. Diferente dos que prosperam – uma pequena parcela -  e ganham seus milhões, há outros milhares, espalhados pelos bares e ruas do Brasil. Sendo pagos das mais diversas formas, lidando com a crueldade de um mercado incerto. Portas se fecham sem pena alguma na primeira dificuldade, ou no primeiro pedido de melhoria.
        Além disso tudo, ainda ter que lidar com o preconceito de parte da sociedade soa ainda mais cruel. O fato de não ter uma profissão não regulamentada completamente, faz com que o senso comum apele para a desvalorização da categoria. O músico comum, é tratado muitas vezes como um “animador” e que seu trabalho é apenas aquele, e seu pagamento é a “visibilidade”. E se alguém paga pouco pra você, e não lhe agrada, tem outro pra tocar por menos que isso.
        Não interessa tanto o lugar para o músico comum, ele só precisa ganhar o dinheiro dele. Ele chega no local mais cedo, monta a estrutura com os equipamentos dele, se prepara, faz seu show, toca seu repertório, e volta pra casa com o pouco apurado da noite. O sonho de ser um artista reconhecido, de conseguir viver bem fazendo o que gosta, fica no passado. Resta a ele esperar mais uma semana e repetir esse ciclo, e seguir passando por cima das incertezas e do preconceito.

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