Descrição para cegos: Partida de futebol entre os candidatos a integrar a equipe de base do Paraíba Esporte Clube, em Cajazeiras. Foto: Reprodução/TV Paraíba |
Por Pedro Victor Beija
É comum ver o futebol sendo retratado pelos grandes jogos, ou
pelas maiores estrelas, e sempre como sinônimo de fama, mídia e dinheiro. Mas a
realidade é completamente avessa a esse mundo mágico, como comprova estudo
feito pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em que 82,40% dos
jogadores brasileiros recebem cerca de R$ 1 mil de salário, e que pouco mais de
96% não recebem mais do que R$ 5 mil.
Talvez a única realidade comum mesmo seja a crueldade do
abismo entre os que dominam o noticiário futebolístico, dado que, segundo a
pesquisa, cerca de 0,12% dos jogadores no Brasil ganham por volta de R$ 500
mil. Nada que não vá se assemelhar à realidade da sociedade, onde 10% da
população concentrava 43,3% de toda a renda do país, segundo pesquisa do IBGE de
2017.
São números que saltam aos nossos olhos, seja ao ver as
luxuosas vidas dos jogadores de futebol que prosperaram, ou vendo a dura
realidade do futebol. Ao passo em que bradamos que “O Brasil é o país do
futebol”, fechamos nossos olhos para uma situação difícil.
Muitos veem no futebol a chance de uma vida, mirando lá
longe, nos grandes jogadores, na possibilidade de garantir uma vida boa para os
seus familiares e amigos. O futebol é, por muitas vezes, a saída de uma vida
conturbada, rodeada de possibilidades perigosas. É um sonho que não se sonha sozinho, às vezes famílias sonham
junto, amigos sonham junto. É comum ouvir jogadores e ex-jogadores falando que
“um jogador sustenta muita gente além da própria família”.
No tal “país do futebol”, que se orgulha das cinco estrelas
que representam os títulos mundiais de futebol, o futebol de verdade é
esquecido. Só quem entra nesse mundo, sabe como funciona. Não são estruturas
comuns, bem definidas. Essas estruturas mudam a todo momento. Desde as inúmeras
peneiras (termo dado para os períodos de testes nos clubes) nos campos de
terra, até as difíceis relações com empresários, grupos de investimento e
dirigentes. O “país do futebol” se tornou, de vez, a “fábrica de ilusões”
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