domingo, 11 de novembro de 2018

Quando o "país do futebol" vira a "fábrica de ilusões"

Descrição para cegos: Partida de futebol entre os candidatos a integrar a equipe de base do Paraíba Esporte Clube, em Cajazeiras. Foto: Reprodução/TV Paraíba

Por Pedro Victor Beija
        É comum ver o futebol sendo retratado pelos grandes jogos, ou pelas maiores estrelas, e sempre como sinônimo de fama, mídia e dinheiro. Mas a realidade é completamente avessa a esse mundo mágico, como comprova estudo feito pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em que 82,40% dos jogadores brasileiros recebem cerca de R$ 1 mil de salário, e que pouco mais de 96% não recebem mais do que R$ 5 mil.
        Talvez a única realidade comum mesmo seja a crueldade do abismo entre os que dominam o noticiário futebolístico, dado que, segundo a pesquisa, cerca de 0,12% dos jogadores no Brasil ganham por volta de R$ 500 mil. Nada que não vá se assemelhar à realidade da sociedade, onde 10% da população concentrava 43,3% de toda a renda do país, segundo pesquisa do IBGE de 2017.
        São números que saltam aos nossos olhos, seja ao ver as luxuosas vidas dos jogadores de futebol que prosperaram, ou vendo a dura realidade do futebol. Ao passo em que bradamos que “O Brasil é o país do futebol”, fechamos nossos olhos para uma situação difícil.
        Muitos veem no futebol a chance de uma vida, mirando lá longe, nos grandes jogadores, na possibilidade de garantir uma vida boa para os seus familiares e amigos. O futebol é, por muitas vezes, a saída de uma vida conturbada, rodeada de possibilidades perigosas.      É um sonho que não se sonha sozinho, às vezes famílias sonham junto, amigos sonham junto. É comum ouvir jogadores e ex-jogadores falando que “um jogador sustenta muita gente além da própria família”.
        No tal “país do futebol”, que se orgulha das cinco estrelas que representam os títulos mundiais de futebol, o futebol de verdade é esquecido. Só quem entra nesse mundo, sabe como funciona. Não são estruturas comuns, bem definidas. Essas estruturas mudam a todo momento. Desde as inúmeras peneiras (termo dado para os períodos de testes nos clubes) nos campos de terra, até as difíceis relações com empresários, grupos de investimento e dirigentes. O “país do futebol” se tornou, de vez, a “fábrica de ilusões”

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