Descrição para cegos: Jairo e esposa em pé, debaixo de
uma tenda enfeitada na calçada. Atrás deles a máquina de assar galetos ao lado
de uma mesa de plástico (Foto: Reprodução/Instagram)
Por Lucas Macieira
Dados
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que de 2014
até o início de 2018, mais de três milhões de vagas formais de emprego foram
fechadas. Nesse cenário de crise, com mais de 12 milhões de desempregados, a
informalidade veio ganhando força. A prova disso é que, pela primeira vez desde
que o instituto começou a fazer o levantamento, se registrou um número superior
de trabalhadores em empregos informais em detrimento dos formais.
Muitas
vezes a saída nesses casos está em se arriscar e empreender. Trabalhar por
conta própria. Foi assim com Jairo Cavalcante Jr, 25, que após ficar
desempregado, investiu no próprio negócio. Ele contou das dificuldades que
enfrentou antes de decidir virar autônomo.
“Em 2015 eu estava cursando o 6°
período de administração, era jovem aprendiz e o meu contrato se encerraria
naquele ano. Fui em busca de um estágio na área para obter experiência, porém,
mesmo com a ajuda da faculdade que possuía parcerias com algumas empresas,
estava difícil. As vagas eram escassas e muitas vezes exigiam de um jovem, que
ainda estava na faculdade, um profissional pronto para atuar”. Cansado de procurar emprego, resolveu arriscar e ser o próprio patrão.
“O que me levou a criar meu negócio foi
observar o tempo que eu perdia em sites procurando empregos, as lamentações em
casa vendo todos os dias o tempo passar e eu sem trabalhar. Então, depois de
tanto tentar e ver as portas sempre fechadas, ao invés de perder tempo me
lamentando resolvi agir. Com o lucro que eu tive vendendo cerveja no carnaval
eu comprei uma galeteira (máquina de assar galeto). Comecei na calçada da minha casa, em uma
avenida abarrotada de pessoas vendendo galeto, assim como eu, tentando
sobreviver sem um emprego de carteira assinada. Como eu já tinha conhecimento
na parte administrativa por causa da faculdade, pesquisei sobre a concorrência
e fui buscando alternativas que pudessem destacar o meu negócio”. Apesar da
determinação, nem todos ao redor de Jairo o apoiavam.
“Muitas pessoas próximas conversavam
comigo e perguntavam se a minha ideia não era uma decisão precipitada. Diziam que
era só uma fase ruim, que emprego de carteira assinada era mais seguro e
mandavam eu esperar mais um pouco. Mas eu já estava decidido de que não tinha
mais tempo a perder”.
No fim das contas a decisão de Jairo foi muito acertada. Com pouco mais
de um ano de funcionamento, a Parada do Galeto, que tem esse nome
por ter começado ao lado de uma parada de ônibus no bairro de Areias, em
Recife-PE, cresceu e a calçada ficou pequena demais para suportar a demanda.
“Os meses foram passando e meu negócio estava
pedindo passagem. Já não era mais um galeto de rua e com a ajuda do meu pai
conseguimos um espaço ao lado da minha casa para que nós pudéssemos receber o
público para almoçar lá. Hoje, com um espaço maior, tenho oito funcionários e
eu, que procurei tanto, virei a porta de entrada para pessoas trabalharem”, concluiu.
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